Entrevista

“Meu intuito é tirar sarro da ação violenta dos policiais”, diz criador de Tratamento de Choque

Éder Cardoso (32), o criador do game de um único estágio Tratamento de Choque e da startup Tomatotrap, concedeu uma entrevista ao site Geração Gamer. Conversamos sobre seu jogo, lançado no último dia 15 de novembro, sobre protestos e sua mensagem que tenta ironizar as ações violentas da Polícia Militar em protestos desde 2013. O game causou reações mistas, de pessoas que gostaram de sua brincadeira até outras que consideraram a ironia de péssimo gosto.

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Confira nosso bate-papo logo abaixo.

Desde quando você joga videogame? Quais consoles e jogos são seus favoritos? 

Não me lembro ao certo e faz muito tempo que só jogo no PC. Meu último aparelho foi um Super NES e o contato com os consoles posteriores foi sempre por intermédio de amigos. A verdade é que depois que eu tive meu primeiro contato sério aos 13 anos com um jogo adventure de PC, chamado The Dig, não tive mais muito interesse por consoles. Gosto de Baldur’s Gate 2, Duke Nukem 3D, Grim Fandango, Donkey Kong, Street Fighter 2, MDK, Megaman X, entre outros. Esses são alguns que surgem à mente no momento.

Você não acha que demorou muito para lançar um jogo sobre os protestos no Brasil?

Sim e infelizmente não deu pra produzir o jogo na época ideal. Mas eu o considero mais como um game “histórico” que relembra um acontecimento marcante nacional. E, pra mim, um game que envolve violência policial sempre será relevante.

Sua ideia foi ironizar as ações da polícia mesmo? Ou você acredita que os policiais devem reprimir os protestos?

Mesmo que o jogador esteja na pele do policial, meu intuito sempre foi de tirar sarro, fazer chacota, com a ação violenta da polícia e daqueles que a apoiam. Talvez isso não fique totalmente claro, porque existe a zoação com os manifestantes. Para mim, nada está livre de ser ridicularizado.

O que você pensa sobre os Black Blocs?

Acho que é uma turminha do barulho sempre aprontando altas confusões!

O que você pensa sobre os movimentos sociais?

Talvez menos relevantes que os movimentos tectônicos, mas é sempre bom ver os jovens praticando atividades ao ar livre.

Você se define como uma pessoa de esquerda ou de direita?

Nunca me defini como nada. Posso dizer que um dia já tendi pra esquerda e atualmente tendo mais pra direita. Mas sempre achei esse tipo de categorização forçada e prefiro uma convergência para cima.

As eleições não foram afetadas pelos protestos, então?

O que concluí após as eleições é que vamos continuar na mesma, seja pro bem ou pro mal, dependendo da interpretação de cada um. Para mim, os protestos tiveram pouco ou nenhum impacto real. Na época, eu estava até empolgado com o que tava acontecendo, mas, analisando em retrospecto, esse tipo de manifestação generalista e efêmera não surte muito efeito mesmo.

Em quanto tempo você criou o game Tratamento de Choque? Ele tem apenas uma fase mesmo?

Demorou mais do que eu gostaria, cerca de cinco meses do início até estar disponível para download. Pra você ter uma ideia, eu tava querendo lançar ele até o final da Copa do Mundo. Na realidade ele tem duas fases, fora o chefão final que é o governador, que é numa tela separada. Acho que o jogo tem a duração ideal, porque ele é tão breve quanto o auê das manifestações.

Quais foram as suas dificuldades ao desenvolver em engine Unity?

Várias pequenas coisinhas acumuladas demandaram tempo e exigiram um certo grau de tentativa e erro durante o meu trabalho. Este foi o primeiro game que eu e o Leandro, meu programador, fizemos por conta própria. Tivemos que aprender certas coisas na marra, o que prolongou o desenvolvimento do game.

Na sua opinião qual é o futuro dos videogames?

Acredito que o termo videogame será pouco pra definir o que teremos no futuro. Só espero viver o suficiente para ver se concretizar a ideia de mundos virtuais totalmente imersivos, dentro dos quais viveremos boa parte das nossas vidas curtindo mil aventuras e aprontando altas confusões!

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3 comentários sobre ““Meu intuito é tirar sarro da ação violenta dos policiais”, diz criador de Tratamento de Choque

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