Na última sexta-feira (24), o site Geração Gamer esteve em uma série de palestras promovidas pelo YouTube na sede do Google em São Paulo. O evento teve o nome de YouTube Games Event. No local foram realizadas cinco palestras focadas no público que produz vídeos na maior rede do planeta. Confira os principais pontos abordados nas discussões.
YouTube Brasil e a área de parcerias
Iniciada pontualmente às 10h da manhã, após um café dentro do Google, essa palestra foi ministrada por Alessandro Sassaroli, gerente de conteúdo e parcerias do YouTube (foto acima). Em sua fala, o executivo falou essencialmente sobre a dimensão do mercado brasileiro de vídeo. E ele deu a dica: “Os conteúdos que mais bombam no YouTube do Brasil são música, games e humor”. Em diversos slideshows, ele mostrou os vinte maiores canais da rede do Google, sendo que o maior deles é o da Galinha Pintadinha, com 1,3 bilhão de visitas, seguido pelo Porta dos Fundos (1,1 bi) e o cantor Michel Teló (906 milhões). Videogames só aparecem em sétimo lugar no YouTube, com o VenomExtreme, (461 milhões), já citado em uma entrevista do Geração Gamer.
Sassaroli também mostrou mais dados. Os produtores de conteúdo em vídeo sobem 300 horas por minuto e o tamanho da rede supera as televisões por assinatura. O YouTube tem 62 milhões de usuários únicos no Brasil. Cerca de 85 milhões de brasileiros tem acesso à internet, e 68 milhões entram via smartphones e tablets. E ele completou: “Hoje, em poucas horas, subimos mais tempo de vídeo na internet do que as horas totais de canais de TV durante um ano todo. Esses dados continuam aumentando a todo momento”.
Alessandro Sassaroli também disse que todos hoje em dia podem ser um “YouTube Star”, ou seja, atrair tráfego pesado em seus canais. E cada fórmula de sucesso é uma. “Hoje não é necessário ter um equipamento caro para produzir bom conteúdo. Às vezes um celular basta para isso. Antes de trabalhar no Google, eu trabalhei na Editora Abril. Pegávamos revistas para trabalhar e tínhamos limitações físicas ali. Na TV, existe o limite do tempo. Se você tem boa ideias nessas plataformas antigas, corre o risco delas serem recusadas. Na internet, felizmente, não é mais assim”, explicou o gerente. Para ele, o músico Lobão, por exemplo, faz sucesso em seus vídeos de política no formato Hangout, “independente da sua preferência ideológica”.
Ele encerrou sua apresentação dando dicas de como melhorar o rendimento de canais que fazem parcerias com o Google e lembrou o caso dos Irmãos Piologo, que criticaram os YouTubers expulsos da Brasil Game Show 2014 e ganharam repercussão. Sassaroli também falou sobre o YouTube Creator Camp, um evento promovido pelo Google que forneceu cursos profissionalizantes de cenografia, produção, entre outros assuntos.
Concepção global de games no YouTube
Palestra ministrada por Rodrigo Velloso, diretor global de games do YouTube, o discurso percorreu as origens dos vídeos voltados para jogos digitais, esclarecendo como cada formato surgiu. “Existem pelo menos seis formatos de vídeos neste segmento”, explicou o executivo. A exposição teve várias interferências de YouTubers presentes.
O primeiro tipo é o Let’s Play que, de acordo com o Google, existe desde 2006 e consiste simplesmente nas pessoas jogando videogame e postando isso em formato vídeo. “É um vídeo de performance, em que as pessoas postam para se exibir. É como se vocês estivessem tocando guitarra elétrica num solo”, disse Velloso. Um dos YouTubers brasileiros presentes afirmou que já fazia vídeos nessa época, em fita VHS conectada com seu PlayStation 2.
O público reclamou que os meios para fazer vídeos melhoraram, mas a qualidade do áudio nem tanto. Em debates com Rodrigo Velloso, eles chegaram à conclusão que headsets utilizados no telemarketing são ideais para fazer gravações de gameplay, mesmo com barulho externo.
Velloso então prosseguiu com a categorização dos vídeos. Para o Google, também existem conteúdos de notícias audiovisuais, que são feitos por sites como a IGN desde 2005. Outro nicho são os que fazem storytelling, como é o caso de Red vs Blue, seriado digital que utiliza personagens da série Halo tanto para comédia quanto para drama desde 2003. O diretor também lembrou de vídeos promocionais no YouTube, com trailers e gameplays gravados pelas produtoras profissionais.
A discussão também lembrou de gravações de finais de e-sports, que são vistas e revistas na internet por atletas digitais. Por fim, o live streaming interativo, para o Google, é feito desde 2008. Faz mais sucesso em redes como o Twitch, especialmente após Twitch Plays Pokémon que reuniu mais de 100 mil pessoas para jogar um único game ao vivo. Rodrigo Velloso afirma que o Google diminuiu em até 10 segundos a latência das transmissões ao vivo pelo YouTube. A empresa pretende conectar melhor os vídeos com a busca e melhorar o chat de usuários na rede com emoticons e moderação de comentários, como o Twitch já faz. Velloso lembrou também do clássico vídeo de Leeroy Jenkins, no Word of Warcraft, que ajudou a popularizar os vídeos de games.
Materiais que são tirados do ar
A palestra do gerente técnico para a América Latina do YouTube, Daniel Araújo, abordou o que devemos saber sobre a plataforma de vídeos e como ela vai mudar daqui para frente. Das falas de Daniel, o mais marcante foi sobre o conteúdo que pode ser tirado do ar. Diz ele: “As pessoas que reclamam de irregularidades nos vídeos podem solicitar a retirada através de um formulário digital e, não tem jeito, nós temos que suspender o material por dez dias para averiguação”.
Se a denúncia for falta, no entanto, o YouTube muda de comportamento para valorizar quem faz vídeos. “Se o vídeo voltar ao ar, só será retirado sob pedido judicial. Tentamos, na medida do possível, ficar do lado dos produtores de conteúdo”, disse Araújo. Mesmo assim, YouTubers brasileiros reclamaram de conteúdos de canais inteiros que ficaram fora do ar, prejudicando suas fontes de renda. A palestra também foi em cima de comentários de fãs e o correto uso de direitos autorais em materiais audiovisuais.
Estratégias para vídeos de games
Marcela Goya do YouTube Brasil falou sobre estratégias ao fazer vídeos de games em nossa rede. “É curioso saber que, mesmo em ano de Copa do Mundo, houve um pouco mais buscas na área games do que em jogos de futebol em nossa rede”, explicou a executiva.
Outros dados curiosos apresentados por ela: Brasil tem mais buscas em videogames do que Japão ou Cingapura; e vídeos de Minecraft e GTA somam 3 bilhões de visualizações. Marcela explicou sobre a importância de ser um personagem ou uma marca própria em seu canal, como faz o Jovem Nerd e seus gameplays. Isso traz um fator atrativo para quem quer voltar a olhar aquele material. Ela também sugeriu que as pessoas experimentem novos formatos de conteúdo e citou como exemplo bem sucedido o caso do PewDiePie, sem mensurando sua audiência no Google Analytics.
Outras questões debatidas
O evento foi encerrado com uma palestra sobre a importância das marcas para os criadores de conteúdo no YouTube, sejam eles gamers ou não. Participaram do debate tanto Alessandro Sassaroli quanto Gustavo Teles, da Influencers, que conseguiu faturar um milhão de reais na internet. Ao longo das perguntas e das respostas, as pessoas concluíram que o trabalho de YouTuber pode ser feito com descontração, mas é sério com as agências de marketing e relações públicas das empresas de videogames. Deve ser cobrado profissionalismo de quem faz vídeos para que ele não descumpra compromissos e embargos, com toda a liberdade de opinião que é possível na internet.
Acompanhe Geração Gamer no Facebook e no Twitter.
Pingback: 10 notícias que mexeram com a cena brasileira de games – 31/10/2014 | Geração Gamer
Pingback: “Nerdplayer e os games renovaram o nosso público na internet”, diz Jovem Nerd | Geração Gamer