O jornal Estado de S.Paulo, através de seu suplemento de tecnologia Link, acertou hoje ao publicar uma reportagem sobre a produção nacional de videogames e dar o destaque merecido aos jogos na capa da versão impressa da publicação. A grande imprensa brasileira, com algumas pontuais exceções, normalmente não dá atenção ao mercado brasileiro de games interno que cresceu em mais de 100 empresas entre 2009 e 2013, segundo a pesquisa GEDIGames da USP com o BNDES. Atualmente, estima-se grosseiramente que há cerca de 300 grupos fazendo jogos no Brasil, com investimentos de até 100 mil reais em alguns títulos.
O texto assinado pelo repórter Murilo Roncolato, com auxilio de Ligia Aguilhar, possui entrevistas com pessoas interessadas nos aparelhos Oculus Rift e Gear VR, modelos que estão mudando a realidade virtual para videogames. O jornalista entrevistou os criadores dos jogos Time to Amaze, da 8e7, e Dodge This, do IMGNATION Studios, ambos do Brasil. Fora esses, foram consultados também os britânicos da Frontier Development, de Elite: Dangerous.
A pauta provavelmente ganhou atenção do Estadão, e um vídeo de cobertura, pela novidade fresca que são os óculos de VR para os videogames desde 2014, e como os brasileiros estão se esforçando para entrar neste mercado. No entanto, este não é o procedimento padrão da imprensa nacional.
É normal, por exemplo, ver jogos brasileiros sendo divulgados em sites americanos como The Verge, Kotaku e Gamasutra.
Um dos meus maiores motivos para manter uma cobertura segmentada no Geração Gamer, abordando apenas o cenário brasileiro de games, é este vácuo que falta na grande imprensa. Cadernos de tecnologia da Folha e do Estadão cobrem, mas em reportagens especiais. Sites de tecnologia segmentados como TechTudo, INFO e Tecmundo também abordam o tópico, mas dividem atenção com dezenas de outras pautas internacionais que são consumidas pelo público local.
Mas muitos desenvolvedores nacionais terminam no escanteio por falta de atenção da mídia. Nadam e morrem na praia.
Geração Gamer veio para mudar isso. Mas reconhece também que o Estadão fez um golaço com este material.
Pingback: 20 novidades que mexeram com a cena brasileira de games – 11/01/2015 | Geração Gamer
Acho que nossa mídia peca em dois pontos nesse aspecto: reflete o velho complexo de vira-lata que aflige o brasileiro, mas também cai na preguiça, afinal conhecer as opções nacionais vai demandar o esforço adicional de ir à campo e pesquisar. Enquanto nos casos internacionais, basta ir atrás das agências de notícia. Meus parabéns por seu esforço em dar visibilidade à produção nacional.
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