Assim que eu ouvi a história de Ana Ribeiro e seu jogo Pixel Rift, o primeiro brasileiro para Oculus Rift, fiquei embasbacado. Fui correndo checar as informações para saber a vericidade do relato. Cruzei fontes e vasculhei perfis. É a lição de casa de qualquer jornalista que lida com a internet. Pedi uma entrevista com ela e conversamos por Skype. Com muita paciência dela, pude fazer perguntas sobre detalhes de toda a sua trajetória de funcionária pública que vendia empadas até se tornar uma desenvolvedora de jogos digitais no Reino Unido em ascensão.
Não é comum todo dia você ouvir uma história de uma ex-funcionária do Tribunal de Justiça do Maranhão que passou a vender quatro mil empadas como negócio, fez curso sobre empreendedorismo e largou tudo para fazer o que mais gostava: Criar games. Formada em psicologia e com uma personalidade instigante, Ana correu atrás para aprender programação e design. Modesta, ela diz que seu game ainda apresenta bugs. Mas a desenvolvedora foi sozinha, na cara e na coragem, aprender fuçando em um Oculus Rift, para criar games com o óculos de realidade virtual.
Mas mais do que sair de São Luís no Maranhão para fazer sucesso na Inglaterra, Ana Ribeiro nos conquista com o próprio conceito de seu jogo Pixel Rift. O game é uma enorme homenagem aos jogadores dos anos 80 e 90 de videogames, com aventuras em 2D de um personagem que lembra Mega Man. Há um jogo dentro do videogame de Ana que é apreciado num aparelho similar a um Game Boy por uma garota em uma escola. O jogo não fica apenas nos gráficos do portátil da Nintendo e percorre consoles como Atari e até o saudoso Nintendo 64 de uma forma biográfica – pois a autora teve contato com esses aparelhos. De acordo com Ana, a ideia é retratar a realidade da geração que viu os videogames nascerem e crescerem como mídia e como forma de comunicação. E essa experiência deveria ser desenvolvida em um óculos de realidade virtual, para “teletransportar” as pessoas para outra dimensão.
O Pixel Rift de Ana Ribeiro é um autêntico jogo da “Geração Gamer”, da geração de pessoas que estão dando a luz à indústria de games no Brasil e no mundo. A história dela é tão diferente e arriscada que vai na contramão de perfis empreendedores mais conservadores, que fazem apostas em iniciativas que geram lucro rápido. A história de Ana é sobre alguém que persegue suas paixões, mas levando em conta o que ela sabe fazer de melhor.